Os desafios de se plantar em ambiente urbano

Árvores, esses seres magníficos e tão especiais para o meio ambiente são fundamentais para a existência da vida que conhecemos no planeta. Seja em florestas, matas ou no quintal de casa, elas cumprem um papel importante para o equilíbrio dos ecossistemas.

Nas cidades os benefícios de se plantar árvores são diversos, elas diminuem os efeitos das ilhas de calor, elevam a biodiversidade, ajudam a infiltrar a água no solo, diminuem a poluição sonora e a poluição do ar, além de embelezarem um cenário de concreto.

Apesar de tantos benefícios é fato que uma pequena parte da população,não enxerga as árvores dessa forma. Incomodam-se com as folhas, seus frutos, suas flores e com os animais, principalmente pássaros que pousam ou até fazem morada sobre elas. Para alguns não é nem a sujeira ou barulho de animais os principais fator, mas o fato de ocuparem uma parte considerável de suas calçadas ou de obstruir a fachada de seus comércios.

Além das árvores que são plantadas nos passeios ao longo das ruas, temos também as árvores que compõem as matas ciliares dos rios e córregos da cidade, as árvores das praças e as árvores dos parques, com ou sem nascentes. Ao longo de décadas, em virtude de falta de um trabalho continuo de educação ambiental para população, de fiscalização e políticas públicas mais sérias a respeito do assunto, vem se reduzindo cada vez mais a quantidade das árvores em nossas cidade e então plantar passou a ser preciso e necessário. É nessa etapa que entram os grupos voluntários que realizam atividades de reflorestamento ao longo das cidades.

Um desses grupos é o Plantadores de Água, um grupo criado no fim de 2019 e que já plantou mais de 2100 árvores em apenas 4 meses. Segundo eles, o processo de plantar vai muito além de preparar a área e colocar as mudas em seus berços. Esse nome sugestivo não é por acaso, as mudas são os filhotes das árvores e tal como acontece com os animais, necessitam de cuidados especiais nas primeiras fases da vida.

Nas cidades, conseguir levar esses filhotes a fase adulta é mais do que desafiador. São inúmeros os problemas que devem ser combatidos, a começar pelos inimigos naturais. O ambiente urbano é desequilibrado por natureza. Os solos castigados por anos, expostos ao tempo, são pobres em nutrientes e as mudas que são plantadas nesses locais, mesmo com adubação, passam por um tempo em sofrimento e viram alvo fácil de formigas, lagartas, cupins e outros insetos, que enxergam esses seres como fracos e que portanto precisam ser eliminados.

Outro inimigo, ainda pior, são os incêndios. Em Goiás existe um ciclo bem definido de estação chuvosa e estação seca. A estiagem se sobressai e se inicia no mês de abril, finalizando apenas no fim de setembro. Durante esse período, chuvas esparsas podem ocorrer, mas não são suficientes para umidificar o solo e a vegetação bastante seca. O capim seco e geralmente alto é o combustível ideal para o incêndio, faltando apenas a fagulha, e essa vem de forma natural, acidental ou criminosa. Natural é a forma mais rara de acontecer no ambiente urbano e pode vir através de descargas elétricas, atrito entre rochas ou combustão A forma acidental geralmente ocorre por conta de um caco de vidro por exemplo, jogado no meio da vegetação que se aquece e inicia o fogo. Agora o incêndio criminoso é a mais comum. Ele pode ocorrer por conta de uma bituca de cigarro jogado aleatoriamente em meio ao capim seco ou por alguém que esteja passando ou fogo ateado deliberadamente, com a intenção de queimar a área.

Muitas pessoas tocam fogo em áreas com capim alto por, nas palavras delas, questões se segurança. Dizem que o mato alto facilita para os ladrões se esconderem e assim praticarem os crimes. Só que um problema gera um outro ainda maior. Melhor seria cobrar do poder público a roçagem da área para reduzir o tamanho do capim. É ai que entra o segundo problema para os filhotes. Muitas vezes operadores dos equipamentos com má vontade ou com treinamento insuficiente podem promover uma verdadeira matança das mudas por conta das lâminas afiadas que cortam sem piedade. Mesmo com a marcação com estacas elevadas, isso pode acontecer. Cabe então ao poder público também fornecer melhor treinamento aos operadores.

Não podemos esquecer de outros inimigos como os entulhos e galhadas jogadas nas áreas, que também podem desencadear incêndios, erosões laminares provocadas pela chuva que escorre forte por solos expostos e o vandalismo, seja por destruição proposital das mudas ou roubo.

Como pode-se perceber, são diversos os desafios de se plantar nas cidades. A manutenção deve ser continua, pelo menos 2 anos em cada local. Para isso são necessárias recursos humanos, recursos financeiros, equipamentos e muito apoio da população, através da vizinhança solidária, e apoio do poder público, com as obrigações habituais para o zelo do meio ambiente da cidade.

 

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